07 outubro 2010

Vícios


"Estou em abstinência de nicotina", pensei: Há quase cinco dias sem fumar.
Culpa da Bete, que não fuma e não gosta do cheiro. Nunca tive problemas com outras garotas, mas Bete é bete.
Bete cara de chiclete.

Não posso negar que o tempo passou rápido desde aquele encontro que lhes contei - na sorveteria - Diria até que o tempo passou rápido demais. De lá pra cá já se foram seis meses!
Bete continua linda, às vezes chata, às vezes mais linda ainda. Tornou-se meu vício, meu erro, meu medo e meu tesão.
Como algo que por mais que você tente abandonar, mais se agarra a você. É um prazer que sinto toda vez que lembro do seu nome, do cheiro, da pele.
Tornou-se impossível abandonar esta criatura. 

Mas quando parei pra pensar neste tempo passado, senti medo. Medo porque algumas coisas deixam de ter importância depois de uma semana, um mês, dois, três.
As boas sensações não deviam ter prazo de validade!
Neste caso, que coisa mais infeliz.
Feliz o homem que tem péssima memória, e "vive sempre as mesmas coisas como se fosse a primeira vez", diria o Filósofo Niet.

Estão vendo o que a ausência de nicotina me faz?
Estou eu aqui nesta praça, sem graça, sem Bete, sem nada.
Ela já não me vê todos os dias.
E quando estou longe daquele Ser, não desejo existir.
Era este meu maior medo, tornar-me mais dependente dela do que da própria nicotina.
Seis meses atrás, fumar um cigarro era a melhor sensação do dia. Nicotina era a causa e a cura de quase todos os meus problemas. E eu gostava disso.
É uma sensação idiota essa de dependência de uma coisa, mas sejamos honestos: É bem mais seguro que se tornar dependente de uma pessoa.
Coisas serão sempre coisas, talvez fiquem um tanto quanto velhas, mas nunca deixaram de ser, ou de ter a utilidade que sempre tiveram.

Eu tive uma bicicletinha vermelha. No começo só pedalava com ela. Passado um tempo, comecei a amarrar meu Pitbull nela, e ia jogando comida para ele ir me puxando. Okay, galera da “Defesa dos Animais”, eu era pequeno e magro, eu amava meu cachorro e nós nos divertíamos.
Mas acontece que a pobre coitada perdeu o freio, que ficou dependurado e num belo dia o freio enroscou na roda, que travou e me fez levar um grande capote. Fiquei com o rosto, o peito e os braços ralados um tempão.
E foi este o fim do nosso relacionamento.
Não só pelo tombo que a bicicletinha me deu. Mas porque a roda já não tinha conserto, e de repente ficou difícil para eu pedalar na pequena vermelha, de tão pequena que estava, ou a culpa fora das minhas pernas que cresciam demasiado.

Cansei de conversar com vocês; falo por horas a fio, e vocês não me dizem nada.
Ascenderei um cigarro.

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