27 dezembro 2009

Um lugar no espaço


Não poderia ser uma simples noite de domingo para aquele homem cujos olhos se encontravam cabisbaixos. Aquele olhar se perdera no espaço, há anos. Cujo pensamento voava por entre as folhas que outrora voavam no céu de outono, junto ao vento, a música e aos bancos molhadas com o orvalho da praça.
De repente lhe veio uma ideia, que se perdeu ao se molhar quando um carro enfurecido passou ao lado. Mas, de fato, pensou, a culpa nao era do carro. Porque ele sempre esteve nos lugares e horas erradas?
Talvez haja, perdido em algum lugar da memória um momento e lugar certo.
Até seu grande amor, que parecia ser mais que certo, hoje se transformou em...não se sabe no quê.
Ao olhar para o lado, mesmo molhado, mesmo sentindo-se derrotado diante da situaçao ridícula, diante de pensamentos infelizes, pode ver uma pequena luz, ao ouvir um menino, tocando uma gaita, esperando por dinheiro.
Eu tocaria gaita, se soubesse. Tocaria gaita e um violão ao mesmo tempo, para conseguir mais dinheiro, se pudesse. Tampouco se entristeceu, que capitalismo "contaminoso", pensou.
Afinal, sentou-se no banco molhado da praça, estava todo molhado, mas havia no bolso um maço de cigarros. E este era especial, porque era o último.
Ficou ali a degustar o último, admirando o garotinho da gaita, enquanto o vento e o gelo do casaco molhado tentavam lhe penetrar os ossos, dizendo-lhe: "Apenas mais um dia, meu amigo".

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