30 dezembro 2010



As luzes de Natal continuavam ali, embora fossem já 29 ou 30 de dezembro.
Ela - não me pergunte quem é ela – continuava a caminhada que a levaria do trabalho para casa. Trabalhar na última semana do ano não deveria ser crime, não era tão horrível como todo mundo dizia.

O nome dela é Jucirana.
Sou do tipo que faz suspense para coisas bobas, mas quando se trata de coisas sérias, tem algo que me entrega. Não consigo fingir; mentir; omitir.
No começo foi difícil aceitar o fato de eu estar apaixonado por alguém com um nome tão, mas tão peculiar, pra não dizer outra coisa.
Jucirana não era do tipo gostosa, longe disso...Era do tipo encantador. Não era do tipo por quem voce se apaixona de primeira. Devorou-me aos poucos, sem eu ao menos perceber, sem nem o predador saber que devorava!
Menina moleca, de Belo Horizonte.
Gosta de pão de queijo, vai trabalhar de bicicleta – mas não na ultima semana do ano –
Ela me disse: Rapaz quero caminhar.
E foi, sem nem se despedir. Saiu correndo de sua sala, deixou a bicicleta para trás.
Já que estava na minha hora lá fui eu correndo empurrando a bicicleta velha que vazia um barulho irritante dos penduricalhos que me lembravam Jucirana.
Encontrei-a, informei que esquecera a bicicleta e as pastas e a chave de casa. A menina moleca mineira disse que nada daquilo tinha importância.
Não entendo Jucirana: Como ela entraria em casa sem as chaves? Como terminaria o trabalho sem aquelas Pastas? Pois lembro-me do Seu Nicolau dizer em tom ameaçador: Quero para amanhã!
Enquanto me desprendi da realidade pensando nestas questões, ela permanecia em silencio na sua caminhada. Fiquei em silencio também, embora todos me considerassem um chato, naquele momento tive um pouco de sanidade.
Nem sei se o nome dela era Jucirana com c ou com s. Pouco importa se a pronuncia é a mesma... Creio que eu nunca vá escrever carta ou bilhete.
Jucirana não me nota. Para ela tenho menos importância que a bicicleta, as pastas ou a chave da casa.
Joguei a bicicleta, as pastas e a chave da casa no chão e voltei para o trabalho.
Não amava Jucirana.

Entao lentamente veio a chuva e pôs fim a esta história.

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