22 novembro 2010

Transbordar rios

"Eu perdi o meu medo da chuva. Pois a chuva, voltando pra terra, trás coisas do ar." Raul Seixas




Tento parar e pensar, e o que penso é o barulho da chuva.
Depois de um dia de calor intenso, veio ela tímida a pingar e pingar, gota a gota, enquanto nós na terra esperávamos ansiosos por toda ela.
Não ouço os vizinhos que há pouco gritavam comemorando o gol da vitória do tricolor das laranjeiras. Não ouço os cães que há pouco latiam irrequietos e agoniados com o mormaço. Sasá, inclusive, encontrava-se numa briga assídua com seus “mosquitinhos”.

Só há um Xixixixixixixixixixixixixi plic plic ping ping...

E que sensação boa traz esta brisa! Que traz com ela algumas gotas de chuva, que me refrescam a alma.
Às vezes Sasá, quietinho e amuado perto do “comigo ninguém pode”, levanta a cabeça, observa, nada vê; então a abaixa outra vez e dá uma balançada no rabo.
De repente me surpreende um clarão seguido de um barulho... Não pareceu assustador. Pareceu-me como um grito de alívio de São Pedro, e talvez, de todos nós.
-
O Sol já se foi. Meio enciumado, creio eu. Porque hoje esta breve chuva valeu por todo seu dia de luminosidade.

Abro os braços, deitada na cama e deixo todo meu corpo relaxar... Cada músculo, cada pedaço bom e ruim.
Em poucos minutos iremos à dimensão dos sonhos, ao som dessa bonita sinfonia do céu... E eu sinto a cada respiração, que o amor por você pulsa em meu peito, minhas veias, tudo; "tudo que não me deixa em paz".

0 comentários:

Postar um comentário